
“Democracia sim. Abaixo a estátua”, dizia a faixa colocada na rotunda do Monte D'Arcos ao fim da tarde desta segunda-feira. Cerca de cem pessoas responderam ao apelo laçado nas redes sociais por um conjunto de cidadãos de Braga. Entre eles esteve José Soeiro, candidato do Bloco à Câmara do Porto, justificando a presença porque "esta estátua desonra não apenas Braga, onde é colocada, mas desonra todo o país e, sobretudo, fere violentamente a memória dos que foram vítimas da ação terrorista do cónego Melo".
O médico Henrique Botelho, subscritor do apelo ao protesto junto à estátua, explicou à imprensa que a antecipação da colocação da estátua - que tinha sido agendada para depois das eleições autárquicas - "é o que podemos chamar uma chico-espertice. Apanharam as pessoas desprevenidas para não haver movimentos de contestação organizados". Nesse sentido, acrescentou com ironia que "foi uma boa altura para fazer uma afronta aos democratas da cidade" por parte do executivo camarário de Mesquita Machado na hora da despedida.
Para o sociólogo Manuel Carlos Silva, a estátua “ofende Braga e o país democrático”. Por isso, o professor catedrático da Universidade do Minho desafia quem passar na rotunda a "cuspir em sinal de protesto", enquanto lá estiver a estátua que homenageia um homem que apoiou o terrorismo da extrema-direita após o 25 de Abril.
"A luta começou hoje e vai continuar para que a estátua vá abaixo", disse Paula Nogueira, deputada municipal do Bloco de Esquerda, também presente na primeira ação pública para devolver a estátua do cónego Melo ao sítio onde esteve guardada nos últimos dez anos.